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Da directnet.com.br

18-6-2006

Liberdade imediata para os militantes camponeses do Movimento de Libertação dos Sem Terra

Liberdade imediata para Bruno Maranhão
e demais dirigentes do MLST


Os monopólios da imprensa arreganham mais uma vez os dentes. Desta vez é contra uma organização de camponeses pobres em luta pela terra que realizava uma manifestação no Congresso Nacional, em Brasília, exigindo reforma agrária. A histeria dos monopólios da imprensa tenta transformar meia dúzia de vidros quebrados, um veículo virado, luminárias e terminais de computadores danificados, alguns policiais feridos em “baderna, vandalismo, quebra-quebra”, “um ataque a um poder da república, à casa do povo, à casa das leis”, “um grave atentado à democracia”, “um ataque planejado há meses, com técnicas de guerrilha”. Todos os manifestantes foram presos, autuados em flagrante e conduzidos como criminosos para o Presídio da Papuda em Brasília.

De forma bombástica anunciaram que a Polícia do Congresso apreendeu uma fita de vídeo da reunião de preparação da manifestação que segundo eles provava que a “depredação” foi premeditada. Não há prova alguma a não ser de que pretendiam ocupar as dependências do Câmara dos Deputados para aí protestar contra o atraso na aprovação do Orçamento Federal e protestar contra o decreto-lei que proíbe, por 2 anos, vistoria de terra que tenha sido invadida. O que da fita foi mostrado como prova categórica da premeditação e portanto do crime, nada mais é que uma reunião onde se planeja simplesmente como garantir que os mais de 500 camponeses pudessem entrar nas dependências da Câmara de Deputados. E todos sabem que era preciso planejar como burlar a Segurança do local pois jamais seria permitido que ocorresse no seu interior um protesto principalmente de camponeses pobres.

Como poderia o MLST ter planejado invadir e quebrar o Congresso e depois ficar tranqüilamente esperando a polícia prendê-los? O líder Bruno Maranhão estava inclusive em outro local na hora do confronto tirando cópias de documentos que o Movimento pretendia entregar aos deputados. Fica evidente que o que de fato aconteceu foi uma explosão de revolta dos camponeses contra a proibição imposta pela Polícia do Congresso à entrada deles naquele local.

Ora senhores! Deixem de cinismo! O que significam aqueles vidros, luminárias, computadores quebrados (que somando cada centavo chega-se ao valor de 100 mil reais) perto dos bilhões que a corja que ocupa aquele prédio público rouba sistemática e impunemente? Que opinião tem o povo brasileiro sobre a Câmara de Deputados e Senado Federal? É de um bordel, com deputados e senadores à venda, onde todo tipo de negociata é praticado, onde todas as violações dos interesses do povo são legalizadas, onde a entrega das riquezas do país é consumada, de que ali são casas homologatórias dos interesses imperialistas no país. O Parlamento brasileiro não representa o povo como insiste o monopólio da imprensa defensora deste velho e podre Estado. O Congresso Nacional representa a grande burguesia monopolista, o latifúndio, classes serviçais do imperialismo no País.

O Deputado Aldo Rebelo (PCdoB), presidente da Câmara de Deputados, recusou-se a receber os camponeses e declarou ao líder Bruno Maranhão que a única coisa que ele tinha para fazer era autuá-los e mandar prendê-los. Este usurpador do nome honrado dos comunistas brasileiros, posou orgulhoso por se transformar em chefe de polícia de um Estado reacionário, cometendo o crime de encarcerar como delinqüentes os camponeses que protestavam contra a legislação anti-reforma agrária do país. Realmente Aldo Rebelo (PCdoB) tem se revelado como o mais adequado presidente para este momento em que a podridão do Congresso Nacional vem à tona de forma tão clara e revoltante.

O Partido dos Trabalhadores, desmacarado e desmoralizado pelos escândalos de corrupção e de traição aos trabalhadores e ao povo brasileiro, alimentou o coro reacionário da imprensa, prontamente destituiu o líder Bruno Maranhão da Executiva Nacional e já prepara sua expulsão do Partido.

O monopólio da imprensa faz uma sistemática campanha de criminalização da luta social, tem o descaramento de justificar a matança de pobres, o assassinato de trabalhadores e camponeses em luta e a perseguição de suas organizações. O monopólio da imprensa, com toda a gritaria que fez, é o responsável direto pela onda de assassinatos praticados pelo aparato policial em São Paulo que, no mês passado, segundo dados divulgados pelo IML paulista, atingiram não a já escandalosa cifra, oficialmente comunicada, de 120 vítimas, mas de mais de 400 mortes!

O policial atingido nos confrontos na Câmara de Deputados é apresentado como vítima de uma violência brutal num país onde milhares de camponeses são torturados e assassinados de forma covarde a cada ano pela ação do latifúndio e deste Estado reacionário.

Em Rondônia, na cidade de Buritis, no final de maio deste ano, os camponeses organizaram uma manifestação pública em protesto contra a ação de um juiz que deu reintegração de posse a um fazendeiro que comprovadamente havia grilado as terras além de ser notório mandante de vários assassinatos de trabalhadores. Seguindo a prática da imprensa reacionária, os jornalecos Folha de Rondônia e Diário da Amazônia chamaram, em matérias de primeira página, a manifestação pacífica da Liga dos Camponeses Pobres de um desfile de milícia armada.

O camponês Wenderson Francisco dos Santos, mais conhecido como Ruço, não foi julgado, nem condenado e continua preso na Penitenciária de Urso Branco, em Porto Velho, há mais de 33 meses, numa situação completamente ilegal. É uma prisão política pois seu crime é ter participado da luta pela terra. Do mesmo modo a prisão do líder Bruno Maranhão, demais dirigentes e militantes do MLST é completamente injustificada e só podemos classificá-la de prisão política fazendo parte da crescente fascistização do País.

O que assusta o monopólio da imprensa, porta-voz da grande burguesia, do latifúndio e do imperialismo no país, é a explosão da revolta popular. Toda a gritaria, o pedido de mais repressão, de mais intolerância, o desprezo em reconhecer as necessidades das massas populares de nosso país, só faz aumentar a revolta.
E tenham bem claro, senhores, a paciência do povo tem limites. Quanto ele estourar não haverá força no mundo capaz de contê-lo.

Belo Horizonte, junho de 2006

Coordenação Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
Liga Operária